O Dia em que Tim Maia e Rita Lee Invadiram a Sala do Executivo
Nos anos 70, o cenário musical brasileiro estava prestes a vivenciar um episódio que se tornaria lendário, protagonizado por duas das maiores estrelas da época: Tim Maia e Rita Lee. O evento, que envolveu uma verdadeira tempestade de temperamentos, foi retratado pela própria Rita em sua autobiografia, “Rita Lee: uma autobiografia”, publicada em 2016 pela Globo Livros.
Naquela época, Rita Lee estava em plena produção do álbum “Tutti Frutti”, um projeto que acabaria sendo cancelado pela gravadora PolyGram. O motivo, segundo a artista, foi o uso excessivo de ácido por ela e sua banda durante as gravações. Em meio a este cenário turbulento, Rita se encontrou na sala da PolyGram, aguardando uma reunião com os executivos. O mesmo destino encontrou Tim Maia, que também estava à procura de uma solução para sua insatisfação com a empresa.
O que se seguiu entrou para o folclore musical brasileiro. Enquanto Tim Maia aguardava sua vez, ele demonstrava uma indignação palpável sobre a escolha da foto para a capa de seu novo disco, que não havia sido de sua escolha. A situação tomou um rumo inesperado quando Tim e Rita, ambos visivelmente frustrados, decidiram agir. Em um acesso de rebeldia, invadiram a sala do patrão, passando batido pela mesa da secretária. A cena que se seguiu foi digna de um filme faroeste: Tim Maia, com sua força notável, atirou cadeiras contra a parede e virou a mesa, enquanto Rita Lee passou um rodo pelas prateleiras.
Essa cena caótica foi descrita por Rita como uma espécie de “destruição do saloon” quando o xerife estava ausente. Após o tumulto, Tim Maia, com seu característico humor, dirigiu-se à secretária e, sem alterar o tom, disse: “Nada pessoal. Viu, lindinha?”.
Este episódio não só ilustra a intensa personalidade de ambos os artistas, como também destaca o ambiente efervescente da indústria musical brasileira daquela época. A descrição de Rita Lee, além de trazer um toque de humor e ironia, oferece uma janela para os bastidores de uma era marcada por criatividade, excessos e, claro, grandes histórias.